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sobre o caos

me dá raiva essa despreocupação das pessoas daqui. desfilam, todas lindas, em jardins floridos, às onze da manhã, como se viver assim fosse natural. e é, para elas é. não há mágoa, não há bala perdida,
e os que trabalham, fazem isso como se fosse uma parte agradável de suas vidas. e é, para eles é.
e é assim com a comida, e com a música, e, quem diria, até com os turistas.

isso me deixa triste.

não por inveja, mas pelo exato oposto. onde está o pagode alto na esquina? onde está a preocupação com o que você tem, que te é precioso, que pode ser tomado de você?
onde está a ignorância cultural e as grandes descobertas constantes? as novas músicas, as novas amizades, os novos carinhos? onde está o incômodo?
daqui, só vejo raiva desnecessária e imediatamente contida por causa da mulher que passou seu lugar na fila, ou o descontentamento de não ter wifi grátis no café.

não me impressiona esse país ser tão frio.

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