balada da noite

eu esperava maior desespero dessa
noite que não acaba
nunca

e não há mão de
berço que embale
essa história

porque sem
alguém a balada da
noite é vazia.

ao acordar

ela levantava suavemente,
tentando não me acordar ao
pegar os pratos e levar pra cozinha
sorrateira
mas dessa vez eu abri os olhos
pra vê-la
surpresa vestida com minha camisa de golfinhos
e a surpresa foi minha
pela violência e gentileza
de seu fantasma

acompanhante

um corredor
  vazio na
penumbra

um fantasma seu me
  assusta
alegra e eu

desgovernado ligo a luz
em um suspiro
nada mais é confortável e
tudo é calmo
demais pra nós
  três

Saudade

Sopra este vento sul
e traz a garoa umedecendo
  meu peito aberto
  por conta da camisa
    do primeiro botão perdido
    que você tanto gostava.

Me deixo molhar
               e ventar pro norte

Daltônico

Uma confissão
  há um arco-íris
    multicromático
  a cada palmo desse cinza estático
por São Paulo.

Luzes e cores
  não encontradas
    daltonicamente
  por essa doença criada nas areias
de Copacabana.