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Para os que ainda vivem


Que o perdão venha enquanto houver vida
Que saibamos dizer eu te amo
Enquanto podemos falar
Enquanto podemos
Se emocionar
Que as viagens sejam intensas
Como se essas fossem a última que fizéssemos
Enquanto sangue que corre em meio a carne
Que os sorrisos e as brincadeiras sejam colocadas na mesa
Quando uma discussão começar
Que as separações...
As separações não sejam a distância
Entre o Sudeste e o Nordeste
Entre um cômodo e outro
As separações...
Que bom seria se só deixássemos para nos separar
Uns dos outros quando fossemos expostos a morte
Porque então saberíamos que não foi por coisa fútil
Foi o acaso, a vida, a poesia que
 Apesar de parecer
que terminou seu último verso
ainda continuará sendo recitada
por seus amigos
familiares
conhecidos de vista
por muitos anos e anos.
Que a poesia venha
Enquanto houver
 tímpanos
Olhos e coração
Para bater, chorar e pulsar.

[S.R.]

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