rasgo no peito
um silencioso farol
gira e gira em si
a enganar
as pedras pelo caminho
pequenas silhuetas de certezas
em rotas de colisão
deste cruzeiro-apartamento
navegando contra a realidade
agressora do casco
da piscina, entre drinks e tédio
suspiramos o dia
velho e ido
enquanto o gelo derretia
assim como o amanhã
somente os cães ouvem
o incessante e ignorado apito
prenunciando naufrágios,
as desgraças
para fora deste abraço casto
tomado por nós
como bóias salva-vidas
(escrito durante a pandemia, em Julho de 2021 em Niterói)