<

Salto

conto as vezes em que te vi
como quem conta histórias da infância
  da minha terra
  da sua adolescência
  
conto as vezes em que te vi
feito carmelita nas contas de terço
  em êxtase com a reza de agora
  na agonia da benção da próxima prece
  
conto as vezes em que te vi
nesses quatro poemas vermelhos
  de uma manhã cinza
  sem a paz dos dias que não te conheceram

conta a única vez que te vi
reduzindo-a em aurora
  espalhada em tua imagem pela manhã
  por conta dos sonhos da última noite

você vira as costas
sorrindo pra me fazer esquecer
que te vi chegar
com medo de fechar a porta

>
<
>