acompanhante
um corredor
vazio na
penumbra
um fantasma seu me
assusta
alegra e eu
desgovernado ligo a luz
em um suspiro
nada mais é confortável e
tudo é calmo
demais pra nós
três
um corredor
vazio na
penumbra
um fantasma seu me
assusta
alegra e eu
desgovernado ligo a luz
em um suspiro
nada mais é confortável e
tudo é calmo
demais pra nós
três
andar de madrugada pelas ruas da cidade é
tranquilo o vento que passa pela minha camisa de malha fina
arrepia
o ar limpo dessas horas me faz sentir parte de mim novamente
é de forma convicta que firmo cada passo chegando
perto de mim um canto de passarinho me alerta da
juventude que se passou
em marcha automática retorno à consciência
confusa
eu cheio de arrependimentos
e agora paro para dar valor
às consequências.
vou dormir
na hora em que os postes quentes
pensam
que já está na hora de dormir.
mesmo que os galos digam bom dia
que os canários digam bom dia
e até os corvos
mensageiros do sono eterno
digam bom dia
vou dormir.
mas a hora de dormir
a hora em que o interior mais ferve e queima
é a hora em que penso no seu pássaro bom-dia
a hora
em que tudo é luz
menos nos postes
e no lado de dentro das pálpebras.
o ruído do relógio
escondido nos rasantes de
avião
repete
o quanto o tempo
voou embora
com você
o primeiro respiro
depois de um trago
é sempre o mais lindo
parece que a fumaça
a poluição
tem o efeito oposto
livre do vício
da vida
a música da harmônica
pode tocar novamente em meus ouvidos
como um preparo à passagem
do coração
que dá um tempo
e começa de novo
- tem fogo?