estamos ficando velhos e cada vez mais estúpidos.
tratamos a inconsequência como objetivo final.
traçamos metas para podermos deixar de prosseguir.
pensa:
se o objetivo é que nada aconteça,
o mundo
conspira para que o faça.
é o que lhe dá prazer, mostrar o quanto
sempre, eternamente, cada vez mais
estamos errados.
errados por conta dos nossos erros.
é um erro não conseguir parar de pensar em você.
me intoxico nas suas palavras
as que não têm sentido
até não ver mais nelas qualquer forma
sem sentir o que me constitui
incorpóreo flui
como o trabalho e os dias e o dinheiro
fico sentado a esperar o momento certo
pra te capturar, te repetir pro mundo
e perpetuar o seu desprezo
olá, meu nome e Luciano e sou poeta.
dizer isso é soar pretensioso
quase que instantaneamente
e você logo pensa que
não sou grande coisa
falo isso pra me engrandecer
e, nesse caso, tem toda a razão.
a diferença é que sou sincero.
manipulo com vontade minhas palavras falsas
mal usadas
sinceramente.
não sou poeta por falta do que fazer,
essa é a minha forma de parecer maior
sem fazer biquinho.
amiga
o tempo passou e ainda brota em cada canto
seu nome
em tinta colorida
não falei contigo por medo
confundo facilmente amizade com convívio
e nada mais devo ter em comum com você
te escrevo pra dizer
que conquistei a vida
e que nada me importa mais
que os problemas
soam como sirenes
como sereias
aos meus ouvidos
que não sabem mais reconhecer a sua voz
que não sei seu endereço
e o quanto queria poder visitar algum lugar contigo
seja quem for
só pra um chá
por um inverno
que meu propósito não existe
e que só vivo pra te escrever
em mais uma carta
as pessoas me vêem e me dizem
que nem parece que eu terminei
uma relação tão profunda e tão longa
que eu pareço radiante, leve
e até mais bonito
eu não sei se acredito nisso
que era o que eu precisava pra ser feliz
ou se é porque
todos os dias
uso o sabonete de rosto que ela deixou
pra ver se acaba logo