buscar constantemente
a felicidade me cansa
despido
deixo minha armadura e
me banho em seu rio de águas mornas
sem vontade e coragem de sair
o dia me despe
de suas luzes
sob as estrelas
ribeirinhas
as sombras me curam da compulsão
da busca por seu calor solar
nunca precisei buscar
o frio
agasalhado
corre em minhas veias
alheio às marés e suas luas
constante como uma chama
eterno quanto a galáxia
minha carcaça é quente
como a de vocês
a explicação pro suor dessa cidade
pro calor da sua voz
pra frieza do meu coração.
me vulgarizo com uma facilidade irremediável.
faz pouco tempo que olho pra trás
e me vejo livre
a liberdade plena e corruptora
a liberdade que permite que eu me dê pesadelos
que eu orquestre o presente com o único intuito de que ele se torne passado
que eu esqueça desse alguém
- capitão? co-piloto? computador de bordo? -
que vive por mim
esse cientista
que vive por mim
a liberdade que não me abraça para não me prender.
amarro minhas mãos
e me jogo
ao precipício
preciso
de alguém pra poder apontar e chamar de amor.
tenho tanto, tanto amor em mim
e a pressão do meu peito pede por um foco preciso
de alguém pra poder apontar e chamar de amor.
sonhei um sonho incrivelmente detalhado
em que a gente se amava, se sorria,
se casava
o fruto do que eu não mais plantei
no fim, abraçados, contive as palavras
que gastava, para cuidar dos votos
de um ritual mundano que nunca sonhamos ter
não saber o que eu diria
é o motivo da tormenta
e sem saber o que pensar do sentimento
que só tive por ser sonho, por ser triste,
fico com medo de dormir
eu nem pensava mais em você,
mas fico feliz, pois nesse mundo etéreo
existe meu voto que nunca existiu.