você pode sentir, mas não está lá
no papel
o permanente
marco a página do livro
com o fio
do fone de ouvido
e tento fazer algo seu
mas só consigo ser tão preciso
como o fio
da navalha
no papel
o permanente
marco a página do livro
com o fio
do fone de ouvido
e tento fazer algo seu
mas só consigo ser tão preciso
como o fio
da navalha
pelo portão barulhento
que nunca mais ouvi
o passado tem formas
inconsoláveis de bater a sua porta
não me canso de ouvir
seu ranger e bater
envolto em neblina
dos meus próprios pulmões
e a ferrugem em meus dedos
dizendo pra nunca mais voltar
quase não reconheci seu cheiro quando
fechei meus olhos e pensei nela
prometo que é a última vez
e quase sem te ver nesse breu
da noite com a lua oculta
nas nuvens desejei lhe ver mais uma vez
nessa noite quanto tempo faz
desde a minha última visita
e agora penso nela
de olhos fechados
prometo que não lhe vejo
e é a última vez
todo o ser
de negra alma
que sempre quis ser agora
eu sou
e que erro!
o que quis tenho diariamente
na ponta dos dedos
nada
é suave como uma lanterna de pedra
acesa sob a noite e a tempestade
bebo tristeza
com o café amargo
e tudo que não consigo mais engolir