na face
do dado
o número
pelo acaso
guardado
na face
do rosto
o futuro
pelo tapa
imposto
em face
ao susto
a solidão
de um orgulho
robusto
na face
do dado
o caminho
pela sorte
trilhado
fim da fase
das farsas
dos tapas
todo o barulho
antes do estilhaçar
do copo
contra a parede
todo esse barulho
gritando
para nós
calados
o estridente grito
abafado pela água
a escorrer
muda
súplica do copo
pela vida
nossas vidas
a preguiça de ter de limpar
o que há de ficar pelo chão
quando nos calarmos
por fim
ando sentimental
em tudo o que há
ausência
o tombo da criança
a voz de Cazuza sozinha
um peito vazado na noite
porta-retratos vazios
de tudo que é vivo
ninguém há de me entender
ou brincar de psicólogo
exceto as gaivotas
flertando com o mar
os ventos fortes do mar
mas eternas
amantes ternas da terra firme
hoje me despedi
do grande elefante branco
agarrei suas orelhas
abracei seu pescoço e
desfilamos pela avenida
acenando para a vida
pessoas a esperar o ônibus
não entenderam nada
vendo-me cair de costas
quebrar duas costelas e
por fim me por a chorar
de tanto gargalhar
ao perceber que no chão
só havia um pouco mais
de chão
de nada mais
a glória da minha maturidade chega tão cheia de
nada mais que o jeans em cima da cama
o resto do cigarro no cinzeiro sujo
música alta com dança lenta
banheiro de porta aberta
o lado da cama
vazio
e eu
.