Onde eu sou
Cada vez que eu me busco me afasto de mim mesmo
Cada vez que quero que alguem goste de mim esse alguem se vai
Foi apenas quando eu desisti que tudo fez sentido
A pergunta nunca existiu,
e meu erro foi tentar encontrar a resposta
Cada vez que eu me busco me afasto de mim mesmo
Cada vez que quero que alguem goste de mim esse alguem se vai
Foi apenas quando eu desisti que tudo fez sentido
A pergunta nunca existiu,
e meu erro foi tentar encontrar a resposta
agora os remédios me deixam pensar
as besteiras de envergonhado tentar,
de sair no meio da noite sem rumo
a buscar nos meus sonhos aquilo que tinha em mãos
dizendo palavras
perdido em folhas de um novo diário
que a pouco comprado já não tem mais espaço
pra mentiras tão pouco embaraços
Meu analista me ajuda
mas ao mesmo tempo custo a ver
e conseguir perceber
aquilo que esteve tão perto
Dai me palavras Senhor,
para que eu possa amar mais a ti e te engrandecer pela minha boca
que eu possa expressar o que sinto por ti
como torrentes que saem de minha garganta
Eu andava em trevas
confuso, calado e inquieto,
seduzido pela voz da confusão
nada é verdadeiro me diziam, nada faz sentido me diziam
mas agora estou contigo Senhor e tudo novamente se faz sentir
O muito saber desviou os homens de ti
e disso me apercebi e voltei para os teus braços
pois é fácil destruir
mas dificil sempre foi aprender a amar sem nada querer
Dai-me Senhor a força e a vontade
guie meus passos pelos caminhos que devo seguir
eu sou teu filho amado
eu que andava perdido e desamparado
eu que nunca quis poder ou fama me perdi nas mentiras do outro
eu estava vendado pela voz dos inimigos que me prometiam ídolos que eu nunca quis
Apartai de mim o outro Senhor
Apartai de mim
Eu vejo a ti dentro de mim
Tu sempre estiveste comigo e nunca me abandonaste
e no entanto como que vendado pela mentira não conseguia te ver
Sentado pela manhã estarei Senhor
Cantando em teu nome, para ti e somente para ti
para que a cada dia possa amar mais a ti do que ontem
sempre a ti Senhor
sempre a ti
Não me deixo reler nenhuma palavra que um dia te escrevi. Queimei meu diário de viagem, apaguei nossas conversas, escondo seus traços pela casa. Montei uma caixa com tudo que era seu. Tão pequena a caixa, mas a sombra ocupa todo quarto. Limpei a sala, lavei minhas roupas, tirei a poeira e olha só, busquei até confetes pela casa.
Não aguento essa inconstância. Não aguento essa inconstância.
Saio, bebo, distribuo sorrisos e recebo o ódio gratuito de quem eu nem sei o nome. Não me importo, não me importo. Inalo fumaça, viro um, quatro, nove copos. Não dói, eu me digo. Não dói mais. Nunca doeu. Viu só? Nem me lembro o que é dor.
Músicas vindo dos quartos, música da tevê, música pela janela. Procuro uma que não escutamos juntos, uma que não cantamos, uma com quem não tentamos nos surpreender porque 'nossa-olha-que-legal-nós-temos-o-mesmo-gosto-escuta-essa-e-agora-essa-essa-me-lembra-a-gente'.
Repito The National 4, 7, 12, 63 vezes. Uma por mim, outra por você e as outras por todas as vezes que já desisti na minha vida.
Não aguento essa inconstância.
Você me ofende e se desculpa. Conversamos e você pede perdão. A porta se fecha e lá vem, mais duas ou três ofensas contidas. O medo de me machucar, o medo de explodir, a incerteza de dizer o que sabe ser certeza porque afirmar é desistir e você não desiste, meu bem. Esse papel é meu.
Elogia minha loucura, diz que minha loucura é linda, que eu sou linda. Se aninha em mim, nos envolvemos numa pose John&Yoko na cama e ficamos até algo ou alguém nos arrancar, a dor de um parto. Fala do meu cheiro, fala de saudade e dois minutos depois, me machuca e me chama de linda. Não nessa ordem, não sem meu dedinho de culpa. Minha loucura te afoga. Te faço mal, te sufoco, me sufoca. Não consigo, não consigo. Eu sinto, mas eu não consigo.