Composição: Luciano Ratamero e Julio Marins
Você
ouviu os meus passos
indo atrás dos seus
e saiu correndo
fechando a
porta de seu mundo de gatos e discos
cantando
pude ouvir sua voz ao abrir
suas portas a ressoar
vazias
nas escadas
indo embora
Eu sei que acabou
e que não era amor
mas foi o que o apego
deixou pra fazer
de suas frases
um hino de terras distantes
Foi lá que eu fiquei
com um maço e um isqueiro
a lembrar dos cafés
que passamos
em quanto
todos os homens corriam de volta pro lar
[solo]
A casa ainda ecoa
memórias destoam
já
com mais buracos na colcha
e borras de café
jogadas na pia
Nas festas da noite
agente se esbarra
sem
saber o que pensa e fala
dois bêbados
buscando novos amantes
E nesta história
não quero mais cota
nem saber o que pensa
ou rola
cansei de querer
saber o que sente por mim
[bridge]
Então guardei
os sonhos que fiz
E as promessas
de um tempo feliz
Pra tirar,
da cabeça
A sua
lembrança
As janelas
estão assim
Entreabertas
pois no fim
Não sei
mais
Se é
quem penso querer
[/bridge]
No momento de desespero
a doença se torna a cura
Sem sentido nas coisas,
Na insônia que rasga madrugadas
o sofrimento parece ser a única salvação,
O alivio do absurdo da vida
A âncora que mantém a sanidade
se torna tumores,
doenças sem cura,
cadáveres
e
catéter entrando pela uretra
Quando o abismo se abre,
e sua mãe está morta
O que resta de você?
Quanto mais o tempo passa,
mais rápido ele se vai
Com ele se vão as coisas
Aquilo que ontem parecia ser importante
hoje não faz diferença
Assim se vão as coisas,
ou se foram e eu nem vi
Ao mesmo tempo bom e ruim,
pelo julgamento da consciência ainda humana
se vai o que me atormentava
e se esvai sem se perceber o que mais valia à pena
Ele ainda tenta levar de mim meus sapatos
e a corda por onde eu ando
Ao mesmo tempo tranquilo e sem ansiedade
sinto estranho em não querer mais
Será este silêncio o que eu queria,
o será o querer obstáculo para a conquista?
Fazendo sem me importar
acabei encontrando a sinceridade dentro de mim
O outro morreu e no lugar ficou algo que tinha perdido,
algo que sou eu ainda criança,
na infância viajando de carro com meus pais
Se posso chamar alguém de eu,
ele tem 7 anos
e não sabe nada sobre morte ou contas a pagar
ele ainda não sente ansiedade sobre quem vai lhe querer
ele vive feliz olhando pela janela
e o tempo pra ele
não significa nada
an animal
walks into you
you've gotten
the money
the smell
another fine mess
três tragos de um cigarro imaginário numa caminhada de perder o ar. por outra vez ele se pergunta se há mais caos em si ou em são paulo. sobe uma ladeira, vira uma esquina, se desgasta por conta da pressa de chegar no cinza do outro antes que a cidade se imponha. dois sorrisos, não saber se posicionar
na recente vida descoberta do outro em uma cozinha pequena e vitamina com sabores que nunca provou.
pensou em seus próprios novos sabores. pensou em como tem sido doce o sabor de si mesmo. pensou muito sobre aleatoriedades se desenrolando de maneiras concatenadas. até o barulho do avião que faz a ponte-aérea levando um casal qualquer para uma lua de mel no nordeste com escala no rio de janeiro interrompê-lo.
acende outro cigarro imaginário e vai trabalhar.
No dia em que finalmente consegui amar a todos os seres humanos,
deixei de chamar de amor o que sentia até então
Perdendo o que sentia por alguém especial para mim
não querendo mais te-la como queria até então,
as coisas se transfiguraram
e o que antes era pecado pelo querer,
tornou-se ideal para mais um engano
Eu via casais juntos
e já não sabia mais o que queria
Vi que amar a todos não é o que queria afinal,
que nem o apego nem o desapego,
conseguiriam me dar o que sempre quis
Abrindo mão dos dois, o espaço se fez vazio novamente,
desesperador, solitário e misantropo andei em meio aos homens
Neste dia,
comprei uma rede e coloquei na minha varanda
e parei de buscar