singing softly to me

minha boca trêmula
canta aos dedos
que estalam e queimam
uma balada inaudível na chuva
lá de fora
aqui de dentro

[trêmula não de desejo
não de desespero
não de expiração;

trêmula de pensar
que um dia, quem sabe?,
você consiga ficar como está,
sozinha,
na esperança de eu ficar
sozinho
com seu olhar e seu sorriso.]

franco erro

amanhã vou estudar o
porquê de eu pensar
    tão
    mais claramente

    de luzes apagadas
    o sufoco do mundo
        Serena
        meu amor

Quantizar

é tudo de tanto
e tanto de tudo
para tão pouco
  quase nada
que se torna difícil
enxergar a fartura
em uma geladeira vazia
só com meio litro de leite
  e um único ovo

bonde das poderosas

sou um poeta medíocre
- e quem não é?

negue se quiser
mas cada um tem seu lugar
e o meu é no meio
    da porrada
    da platéia

        assistindo o mundo
        das entranhas
        das máquinas de lavar

        enquanto você olha pra baixo
        sorrindo e sente aquele torcicolo
            recalcado

cachoeiras

por mais que eu me
concentre

    fecho os olhos
    apago as luzes
    silencio as mentes

        não consigo
como distinguir se

    esse som é
    do peito
        que ferve
    ou da água
        na pele?