as mortes das inocências

homens e pêlos. uma relação de maturidade. primeiro os que surgem na cabeça e trazem junto as descobertas. no primeiro andar, a primeira partida. nas primeiras palavras, as primeiras lágrimas. surgem os primeiros traços daquilo que ele será a medida com que some aquela área branca, disforme e desprotegida que declarava a inocência. os cabelos são a morte da inocência. descobrimos que existem penteados onde antes não havia nada. descobrimos a futilidade nos cabelos. depois vem o resto do corpo naquela sensação desconfortável de enfrentar o desconhecido. a sensação que morre ao descobrirmos o fracasso em nos controlarmos. a morte da inocência da eternidade. percebemos que o nosso corpo é, senão, mera ferramenta para nós mesmos. barba, cabelo e bigode a nos desafiar todos os dias perante hoje o espelho sustentando aquilo que queremos esquecer ou, no mínimo, ignorar. hoje, dos seios de uma mãe negra, nasceu mais um dos guerreiros que marcham sempre ao ponto final. ele surgiu como os outros, encaracolado, teimando em machucar meus olhos e irreproduzível no que diz respeito a posições. um bastardo louvando um hino solitário e de tom diferente de seus irmãos. guardei tanto afeto por esse ser solitário, desejando que, por ventura, seu clã se multiplicasse em minha fértil lavoura capilar. tenho afeto por seres solitários e fios brancos. fios brancos talvez combinem com casas vazias, vinhos e partidas. a morte da inocência de que viveram felizes para sempre.

Entenda-me

 Quando eu mudar
A foto do meu perfil
Não foi para te provocar
Quando eu publicar
 uma letra
De música
 que um dia
já ouvimos juntos
Não estou querendo dizer que sinto sua falta
Quando eu publicar uma foto
Com os meus amigos
Não quero te mostrar
Que superei tudo aquilo
Que você me fez sofrer
Talvez até seja isso
Mas saiba que esta não foi minha
Primeira
Nem a última
Intenção
Quando eu estiver off-line para você no
Bate-papo
Isso não quer dizer
Que estou com raiva de ti
Não posto indiretas
Quando eu curti sua publicação
Ou compartilhar seu status
Não tenha esperanças
Pois não quero nada contigo
Apenas curti a sua opinião
Que antes era tão comum
e hoje tão raro
De acontecer
Ah! E quando eu postar
algum poema
ou crônica
não pense que fiz para ti
ou para demonstrar
para o resto do mundo
o que você me fez sofrer.
Entenda-me,
pois não costumo postar indiretas.

[J.G.]

//e daí se sou mulher e programo?

//Para Camila Achutti

Passo o batom vermelho;
Nos lábios;
O negro lápis ;
Nos olhos;
Pego uma xícara de café;
Ligo meu;
 note-;
book;
checo meus e-mails;
aprendo mais uma linguagem;
& vou compilando sonhos;
em linhas;
que;
bra;
das;
um pedaço da mudança ;
para o mundo;
ah! Só mais um comentário ;
// e daí se sou mulher e programo?

[S.R.]

Para os que ainda vivem


Que o perdão venha enquanto houver vida
Que saibamos dizer eu te amo
Enquanto podemos falar
Enquanto podemos
Se emocionar
Que as viagens sejam intensas
Como se essas fossem a última que fizéssemos
Enquanto sangue que corre em meio a carne
Que os sorrisos e as brincadeiras sejam colocadas na mesa
Quando uma discussão começar
Que as separações...
As separações não sejam a distância
Entre o Sudeste e o Nordeste
Entre um cômodo e outro
As separações...
Que bom seria se só deixássemos para nos separar
Uns dos outros quando fossemos expostos a morte
Porque então saberíamos que não foi por coisa fútil
Foi o acaso, a vida, a poesia que
 Apesar de parecer
que terminou seu último verso
ainda continuará sendo recitada
por seus amigos
familiares
conhecidos de vista
por muitos anos e anos.
Que a poesia venha
Enquanto houver
 tímpanos
Olhos e coração
Para bater, chorar e pulsar.

[S.R.]

Prayer to Python

Programmed serpent
tell me how to
compile my dreams
In a few
Bro
ken
lines
let me taste
your poison
And see if
It really has
Antidote.

#[S.R. ~ D.A.]
#Compiled Poetry