//e daí se sou mulher e programo?

//Para Camila Achutti

Passo o batom vermelho;
Nos lábios;
O negro lápis ;
Nos olhos;
Pego uma xícara de café;
Ligo meu;
 note-;
book;
checo meus e-mails;
aprendo mais uma linguagem;
& vou compilando sonhos;
em linhas;
que;
bra;
das;
um pedaço da mudança ;
para o mundo;
ah! Só mais um comentário ;
// e daí se sou mulher e programo?

[S.R.]

Para os que ainda vivem


Que o perdão venha enquanto houver vida
Que saibamos dizer eu te amo
Enquanto podemos falar
Enquanto podemos
Se emocionar
Que as viagens sejam intensas
Como se essas fossem a última que fizéssemos
Enquanto sangue que corre em meio a carne
Que os sorrisos e as brincadeiras sejam colocadas na mesa
Quando uma discussão começar
Que as separações...
As separações não sejam a distância
Entre o Sudeste e o Nordeste
Entre um cômodo e outro
As separações...
Que bom seria se só deixássemos para nos separar
Uns dos outros quando fossemos expostos a morte
Porque então saberíamos que não foi por coisa fútil
Foi o acaso, a vida, a poesia que
 Apesar de parecer
que terminou seu último verso
ainda continuará sendo recitada
por seus amigos
familiares
conhecidos de vista
por muitos anos e anos.
Que a poesia venha
Enquanto houver
 tímpanos
Olhos e coração
Para bater, chorar e pulsar.

[S.R.]

Prayer to Python

Programmed serpent
tell me how to
compile my dreams
In a few
Bro
ken
lines
let me taste
your poison
And see if
It really has
Antidote.

#[S.R. ~ D.A.]
#Compiled Poetry

rio de janeiro

minha carcaça é quente
como a de vocês

  a explicação pro suor dessa cidade
               pro calor da sua voz
               pra frieza do meu coração.

abre as asas sobre nós

me vulgarizo com uma facilidade irremediável.

faz pouco tempo que olho pra trás
  e me vejo livre
a liberdade plena e corruptora

a liberdade que permite que eu me dê pesadelos
que eu orquestre o presente com o único intuito de que ele se torne passado

que eu esqueça desse alguém
 - capitão? co-piloto? computador de bordo? -
  que vive por mim

esse cientista
  que vive por mim

a liberdade que não me abraça para não me prender.

amarro minhas mãos
  e me jogo
    ao precipício