Por entre os dedos finos
sobe essa fumaça densa
do cigarro que anuncia o porvir.
Essa onda cinza e oscilante
que ruma ao limite do céu
para tornar turva e confusa
qualquer troca de olhares.
Contidas, semi declarações
desenhadas e compreendidas
pelo fugaz desejo
de gerar mais fumaça
que assina o que vem depois.
o homem do saco
roubou
toda minha vontade de conhecer
o mundo
agradeci-o com um café
ainda com a lembrança
dos teus olhos fortes
devia ter ouvido minha avó sobre
os casacos
atentado para suas crenças e folclores
perigos e alertas
sobre o homem do saco
e essas mulheres
munidas de olhares fortes
me evita como
quem evita um carinho
como quem se conforma
se deprime
- o mundo é esse e
não tem mais volta
você não -
me quer
e eu te amo
Escrevi teu nome
num grão de arroz.
Plantei teu nome
no pote de algodão,
juntinho do meu
num grão de feijão
para vingarmos juntos,
saciar essa fome
grande da saudade
de sermos nós mesmos.
minha voz mais forte
soa dentro de mim
por mais que eu grite
ocupo tão pouco espaço
queimo menos que
a chama que esquenta
meu almoço
o que sou pros outros
só importa
a mim
não me importa
nada
por ser muitos não
sou ninguém