As fotos mofam
os filmes se perdem
os cheiros azedam
os móveis mudam
todos embalados
por essa valsa do tempo.
Coisa de gente grande
sabem que o epílogo
espera logo ali
no virar daquela curva.
O sorriso cafajeste
a posição deitada vendo tv
o agarrar do copo
até a cegueira do olho esquerdo
ouvem outras músicas e
jogam ciranda com o tempo.
Crianças despreocupadas
só se interessam
pela hora do recreio e
o lanche dentro da merendeira do Batman.
São esses pequenos olhos
brilhantes
e barriguinhas
sujas de picolé
a ponte que liga
o que há de ser eterno
entre nós
dois.
Acorda, minha flor!
Desperta junto o mundo com seu perfume,
desacorda meu ser em sua essência.
Depois, nos amemos aos montes,
sem nem notar que o tempo parou,
porque o sol já desistiu de raiar
somente para admirar
o matinal desabrochar do nosso amor.
depois de muito
reflexo
de luz nas poças
vejo
um meio de
dar um fim ao seu
começo
a escrever
agora sei
como contar a nossa história
como qualquer um faria?
cansei de esperar
e pensar
vou partir sozinho
a pé
a música explode os tímpanos
a saliva comprova a violência
a força desse momento deixa de ser
quando se abusa dela constantemente
como heroína
de história em quadrinhos
não há o que
dissolva esse aperto
no peito
já tentei me benzer
já tentei me sedar
e até dançar
a noite inteira
em outros corpos
mas continuo dançando
- vai que um dia
você deixa de ser anônimo
pra alguém
nessa pista de dança?